6ª-feira, dia 15 de março de 1996, estava ansioso para terminar
logo a prova do colégio, como sempre havia todas as 6ª-feira e poder sair mais
cedo do colégio, como estava combinado. Afinal, logo mais iria viajar.
Até dava para ter assistido aula normalmente, mas me pegaram
cedo.
O motivo desta viagem era que meu pai estava há semanas no
interior de Alagoas, montando umas máquinas, numa fábrica no município de São
Miguel dos Campos, e como naquele mês de março, havia um feriado numa 3ª-feira:
19 de março, dia de são José – como sempre, e no meu colégio, foi decretado
recesso na 2ª-feira. Naquela semana, só voltei ao colégio, na 6ª-feira, pois na
4ª, ainda estava em viagem e na 5ª, mesmo indo da rodoviária de Fortaleza, para
a escola, mesmo chegando atrasado, não teria condições de assistir aula.
Então, na rodoviária, minha mãe e eu, embarcamos no
Expresso Guanabara, rumo à Recife/PE.
Até então, o meu limite de viagens longas, ficava somente
na região de Açú/RN: Itajá, Ipanguaçú, Alto do Rodrigues e Macau, durante o início
da década de 1990. Foi até um período longo de 2 anos, entre 1990 à 1992, com
viagens esporádicas para aquela região, pois meu pai passou um período
trabalhado e morando por lá. Se não todo final de semana, mas 1 vez por mês ou
a cada 15 dias, minha mãe e eu, pegávamos a Viação Nordeste, rumo à Açú/RN, nos
encontrarmos com meu pai.
Acho que isso afetou um pouco meu rendimento escolar, em
1990: na época, 2ª série do 1º grau, e ficava então, pela 2ª vez em recuperação.
Ao contrário do ano anterior, que ainda não tinha noção de nada, e me enganaram
me levando ao colégio para fazer a recuperação da 1ª série, desta vez, bati o
pé e optei já por repetir o ano, só para não perder as férias. Erros cometidos
posteriormente e todos eles, me arrependo de não ter sacrificado essas férias,
para não ser o estorvo filhinho de papai que tem tudo nas mãos que sou hoje em
dia.
Mas voltando ao real assunto, partimos então naquela
noite, rumo à minha viagem que se tornaria a mais longa.
Após uma noite inteira dentro de um ônibus, enfim,
chegamos ao Recife. Já após a divisa de Paraíba com Pernambuco, quando a BR-101
nem sequer sonhava em ser duplicada, já me chamou atenção, os estalos que ouvia
vindo dos pneus dos carros, devido as estradas pernambucanas serem em blocos de
concretos.
Em Goiana, naquela manhã de 16 de março, havia uma linda
cerração. Alí já começava a descer uma “carrada” de gente. E assim, a viagem
continuou até chegarmos na região metropolitana de Recife. E aquilo tudo foi me
encantando. Era um adolescente de 13 anos e 7 meses.
Mas o que mais tinha me chamado atenção foi o entroncamento
da BR-101 com Av. Recife e BR-232. Eu nunca tinha visto, até aquele momento,
vários viadutos próximos um dos outros.
Chegamos, enfim, à rodoviária de Recife. Outra surpresa:
metrô.
Recife não era o nosso ponto final, mas sim, o fim a 1ª
etapa da nossa viagem. Tínhamos que aguardar então, a nossa 2ª viagem, que
partia de Recife à Maceió.
Do Expresso Guanabara, agora estávamos no Borborema –
atual Real Alagoas. Coincidentemente, pegamos as mesmas cadeiras do ônibus
anterior: de frente ao banheiro.
Como tudo na 1ª vez, é encantador, naquela época, fiquei
encantado pela rodoviária de Recife. Matuto vindo do Ceará, é o cão, só pelo
fato de passar trem e metrô, ao lado.
Hoje em dia, quando preciso utilizar esta mesma
rodoviária – o TIP – não tenho como não me lembrar daquele dia. Não mudou muita
coisa, só o fato de terem agora, instalado um terminal de ônibus urbano – ou metropolitano
- na antiga plataforma de desembarque dos ônibus estaduais e interestaduais.
Quando saímos da rodoviária e entramos na BR-408 –
naquela época, nem eu sabia que ali se chamava Curado muito menos a rodovia que
pegamos, e mal poderia imaginar que 10 anos depois, esta BR se tornaria rota
principal à minha residência.
Novamente passando pela BR-232 e cruzando aquele
cruzamento de viadutos, que tinha me deixado fascinado e doido para cruzar
todos eles.
E assim, seguimos a nossa viagem para Maceió.
E outra: nunca tinha cruzado com tantos viadutos, até
então.
Tanto a BR-101 norte quanto a sul, ainda eram pista
simples, e não existia o desvio externo que há hoje em dia, que passa por fora
de: Pontezinha e Cabo de Santo Agostinho. Lembro-me que a gente passava pelo
lado de dentro, afinal, o caminho era aquele mesmo.
Num determinado trecho da rodovia – esta história, nunca
me esqueci e sempre gosto de relembrá-la – o ônibus passou por uma buraqueira, onde
hoje é a rotatória da entrada de Cabo com a Rota do Atlântico, e uma
passageira, tinha acabado de entrar no banheiro, e ela, já acomodada no vaso
sanitário e mesmo tendo trancado a porta, eis que esta porta se abre e vejo a
mulher sentada na privada, com tudo arriado, desesperada fechando a porta.
Passando pelo centro do Cabo, num trecho onde a estrada
fica ao lado do trilho do trem, escuto uma música da Banda Eva, do CD “Hora H”:
“Beijo Veneno”. E assim, a viagem seguiu-se e provavelmente dormi, porque só me
lembro quando avistei o aeroporto de Maceió.
Mal sabia também que há 20 anos atrás, Maceió
praticamente seria visita mensal em minha vida. Houve um pedaço desta minha
estadia de 10 anos em Pernambuco, em que praticamente, 1 vez por mês, estava
indo visitar amigos em Maceió. Tenho que reativar essas visitas, que tiveram
que ser suspensas, por motivos de força maior da família de amigos que por lá
moram.
Antes de chegarmos à rodoviária da capital de Alagoas – o
ônibus seguiu pela Avenida Fernandes Lima - há uma ponte, que me chamou atenção
pela sua altura. Esta ponte fica na Avenida Governador Alfrânio Lages.
Chegamos à rodoviária, por volta das 13:30, do dia 16 de
março de 1996. Assim que avistei meu pai, corri em sua direção.
Ele estava num carro Gol branco, com motorista. Na saída
da rodoviária, rumo à São Miguel dos Campos, não lembro que rota ele pegou. Só
me lembro que chegou numa avenida com canal, que no caso, é a Humberto Mendes e
saímos na praia.
Só que passamos diante de uma Lojas Americanas. E o vício
por CD’s falou alto. Me deu vontade de parar, mas não dava. Marcamos de um dia,
irmos passear por Maceió, mas choveu e nem fomos mais.
Em São Miguel dos Campos, ficamos numa pousada, que
cheguei a ter medo daquele banheiro, que achei o box do chuveiro, muito grande.
E toda noite saíamos para passear pela cidade, que nos encantou com suas
praças. Fomos conhecer a tal fábrica onde meu pai estava trabalhando e enfim,
passamos o final de semana.
Duas coisas curiosas aconteceram em São Miguel: num
desses nossos passeios, passando diante de uma casa, alguém estava ouvindo o CD
de “Netinho – Nada Vai Nos Separar”. Eu já com saudades de ouvir meus CD’s. A outra,
como ainda estava bem recente o acidente aéreo dos “Mamonas Assassinas”, eu
caminhava pela cidade com a minha blusa azul escura, com a imagem da capa do
CD. Um rapaz que cruzou comigo, viu e me perguntou onde tinha comprado. A minha
resposta, quase seria que no centro, como se eu tivesse em Fortaleza. Foi quando
me toquei e lhe respondi que fora comprada em Fortaleza.
Chegou a hora de irmos embora, minha mãe e eu, mas só que
meu pai, teve que continuar, porém, ele nos levou para conhecermos Santa Cruz
do Capibaribe, já no sertão de Pernambuco.
Deixamos Alagoas, na 3ª-feira. Foram 4 horas de viagem,
pela BR-101, por fora de Maceió e pegando a BR-104, em Messias, via Caruaru. Eu
achava que aquilo seria uma única vez na vida que passaria por ali. É uma das
rotas alternativas que tivemos que fazer algumas vezes.
O motorista que nos levava, entrou numa rota errada e se
perdeu por dentro de Caruaru. Para quê, rapaz? Sabe o que eu vi, numa faixa,
anunciando quem faria show na cidade, naquela semana? NETINHO. Gente, pirei,
mas não dava para ir. Fiquei doido, mas esta realização de ver o show de
Netinho, em Caruaru, veio 11 anos depois, em março de 2007.
No dia seguinte à nossa chegada em Santa Cruz do
Capibaribe/PE, fomos tirar fotos do hotel onde ficamos hospedados. Hotel
Fazenda, na subida da serra de Taquaritinga do Norte. Um grande amigo do meu
pai, nos levou para conhecermos a cidade, onde hoje em dia, de vez em quando,
passamos por lá.
Também conhecemos a feira de Santa Cruz, quando eram
várias barracas pelas ruas. Porque fui fazer isso? Sol quente, e o calor das
lonas, me fizeram passar mal, mas suportei. Acho que por isso, não suporto
essas feirinhas de barraquinhas de lugar nenhum.
Passamos o dia em Santa Cruz. Logo cedo, fomos à
rodoviária de Caruaru, comprar nossas passagens, e a noite, minha mãe e eu
pegamos o ônibus da empresa Braga, para Fortaleza, e meu pai, que ficou, voltou
para São Miguel dos Campos/AL.
Chegando em Fortaleza, minha mãe ainda queria me levar ao
colégio. Parece que ainda levei o meu material e uniforme para este passeio.
Como já chegamos cansados, ela desistiu disso.
Éramos cliente de um taxista que fazia ponto nas
proximidades do North Shopping. Minha mãe ligou e ficamos aguardando por ele.
Só que como já estava querendo chegar logo em casa, desistimos de esperar e
pegamos a linha Borges de Melo.
Lá no ponto do taxista, conseguimos encontrar com o tal
ele, que tinha ido até a rodoviária de Fortaleza, mas ficou tudo de boa.
Tentei resumir ao máximo possível que pude me lembrar.
Entre hoje, 15 de março até 21, tudo isso contado acima, está fazendo 20 anos.
Há 20 anos, tive um flerte por Recife, mesmo tendo uma
passagem rápida. Juro que pedi para meu pai, nos mudarmos, naquela época, para
Pernambuco. Demorou 10 anos para esta realização, e já estamos com 10 anos,
vivendo em Pernambuco.
No começo, foi difícil, pois quando isso estava se
realizando, eu já não estava querendo sair de Fortaleza, por amor há uma
pessoa. Hoje, já não quero sair de onde estou pelo mesmo motivo. Mas enfim. Deixem
meus amores quietos.
E você, o que estava fazendo da vida, há 20 anos atrás?