sábado, 11 de fevereiro de 2017

No meio do tiroteio

  04 de fevereiro de 2017, uma data que ficará bastante marcada por algo que testemunhei.

  Felizmente, nada me aconteceu na ocorrência que vi. Aliás, eu nem sabia que se passava de uma perseguição, mesmo ouvindo tiros sendo disparados, pois achei que se tratava de algum Fusca velho, passando e se estourando, como é de costume.

  Recebi um pedido para ir comprar um cola de isopor, do meu pai, para ele fazer um trabalho. Eu, tranquilamente e despreocupado com qualquer coisa que pudesse vir a me acontecer durante a minha estadia pela rua, caminhava todo inocente, atravessando as ruas, pensando nos pontos em que iria parar.

  Foi quando atravessando a avenida que passa por trás da minha casa, em frente a uma escola, num trecho onde não há nenhuma árvore, eu ouvi os tais tiros. Como falei, nem dei bola, e inocentemente, achei que fosse um Fusca passando. E quantas vezes já levei uns sustos por conta desses estouros de carros velhos da WV: Fuscas, Brasílias, Kombis, achando que até fossem tiros?

  E olhe que na minha vida, tive traumas de tudo que estourasse: fogos, balões e todo tipo de tiros. Até de velas também, achando que elas explodiriam como dinamites, como num desenho animado.

  De repente, avisto um cara que estava sentado debaixo de um pé de tamarindo, se levantando desesperado e se protegendo detrás, que me chamou atenção, pois outras pessoas, com os tiros, também começaram a correr para se protegerem, enquanto eu avistei tudo paralisado e sem nenhuma proteção. Só percebi foi o carro da polícia disparando tiros pro alto, soltando sobre as lombadas, parecia algo cinematográfico.

  Só vim tomar consciência do acontecimento, quando abandonaram um carro branco, acho que um Fox, e avistei um suspeito correndo em disparada. Sorte que não veio para meu lado.

  Aliás, nada veio pro meu lado, desde que fiquei no meio dos tiros.

  O carro, desgovernado, acabou descendo ladeira e nenhuma pessoa mais próxima teve a ação de puxar o freio de mão: acabou batendo num outro carro vermelho que estava parado. E eu nem tive a ação de deitar-me ao chão, como recomendam em caso de tiros. Quando percebi a realidade, já tinha passado tudo, pois simplesmente achei que fosse algum carro velho passando.

  Onde foi o assalto? Não sei. Mas que o carro era roubado, isso tinha sido.

  E tudo isso foi numa manhã de sábado, por volta da 8:30.

  O mais engraçado nisso tudo, é que não fiquei abalado. Eu continuei o meu trajeto, normal. Ao invés de ter visto uma perseguição policial com tiros e tudo mais, parecia que estava vendo algum tipo de gravação de novela, tamanha foi a minha tranqüilidade diante da gravidade da situação. No fim, ri de tudo aquilo, porém, já num estado de alerta.

  Mas naquele dia, eu poderia ter ido embora da vida. Se tivesse que ser o meu dia, teria sido, mas tudo é possível que venha acontecer algum dia. Se não for de tiro, uma árvore pode cair, eu posso enfartar, uma veia pode estourar, posso me afogar, até por amor posso vir a me matar. Mas não foi o meu dia e nem tão cedo, será.

  Literalmente, me senti naquela música do “Titãs”, “Epitáfio”. O acaso me protegeu, enquanto estava distraído. Soube me manter, sem querer, controlado psicologicamente diante uma situação real de risco. Mas me descontrolei, quando soube que um amigo havia sido demitido do emprego. Engraçado, não é?! Assim, sou eu.

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