terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Discurso sobre intuição

A minha intuição, não falha.... Não. Não estou cantarolando canção nenhuma de axé. Estou afirmando, mais uma vez que as minhas intuições sempre dão certo. E não é a 1ª vez.

Semana passada, antecedia há que minha mãe retornaria pra casa, depois de 3 meses entre São Paulo e Fortaleza, acompanhando o tratamento da Solange. Seu retorno estava marcado para hoje, dia 18 de dezembro. Porém, alguma coisa começou a me incomodar: minha mãe não retornaria no dia 18. E mesmo assim, queria acreditar ser certeza, mas no fundo do meu coração, algo estava para acontecer, o que iria esticar mais a estadia de minha mãe, em Fortaleza.

De certo, queria eu já ter feito um comentário, dessas minhas intuições. Mas preferi ficar em silêncio, porque tudo que a gente diz, há inúmeras interpretações de quem lê. O que só seria um comentário sem intenção de provocar mágoas em alguém, poderia ofendê-las.

A semana passada teve início. E na ansiedade, comentei que aquela semana, demoraria a passar.

E de fato, para mim, demorou. Demorou porque ainda estava para acontecer algo. Além daquela ansiedade, outra coisa passou a me perturbar. Comecei a ficar inquieto. Me vinha pensamentos de morte na cabeça, involuntáriamente... Foi como acordei numa manhã, no início daquela semana. Só eu sei como estava inquieto.

Até para amenizar esta inquietude, saia com meu pai, e quando não, ia fazer alguma coisa em casa: lavar ruoupa, varrer quintal, lavar banheiro... Todas as tarefas do lar, possível, para ocupar minha cabeça. Mesmo assim, havia algo prestes há acontecer.

Na manhã de ontem - 17.12 - já sobre o alerta que tivemos no domingo, saí para pagar uma prestação. Mas quando cheguei em casa, não estava afim de ficar sem fazer nada, além de ter ficado só por algumas horas. Fui fazer uma coisa, que não costumo: varrer a calçada.

Na verdade, acho que foi o auge daquela inquietação. Estava acontecendo algo grave, mas não sabía destinguir o que era. Até pensei: "Bom, a Solange está bem... " Era a única pessoa da família, que se encontrava numa situação delicada. Tudo poderia acontecer, ou não... Só que infelizmente, a minha intuição da semana passada, não falhou, e aconteceu mais uma, direi assim, profecia.

Não é a 1ª vez que quando cismo com algo, aconteça. Sou meio sensitivo quando algo está para acontecer. Aliás, depois que testemunhei um acidente, passei a ter isso.

Foi assim com minha bisavó, 1 mês antes dela partir, em Campos Sales, no Ceará, no ano de 2003. Na semana anterior à sua morte, minha mãe e eu chegamos à reencontrá-la, depois de anos quando achavamos que ela já tinha ido, recebemos a mensagem que ela perguntou por mim e minha mãe.

Não... A avó da minha mãe parecia que esperavam-nos para ela se despedir. Antes mesmo de viajar, semanas antes, quando soubemos, até comentei com minha mãe: "Então vamos lá. Vai que já está na hora dela"? Putz... Uma semana depois que estivemos por lá, só veio a notícia.

Na outra vez que tive esta sensação amarga, foi na semana santa, em 2004. De volta à Campos Sales, para passar o feriadão, numa noite, quando o tema da conversa foi morte, recebi uma energia esquisita, angustiante. Era a mesma que tinha sentido no dia em que vi o motoqueiro morrer na minha frente. Foram alguns minutos de angustia, até que passou. e eu, calado, porém, angustiado.

Na manhã seguinte, numa rua alí perto de onde estávamos, teve um homem que teve um troço. Mas não era por ele, até porque, nem o conhecia. Ao voltarmos para Fortaleza, só a notícia de quê um tio meu, o Silas, havia falecido, na noite da 6ª-feira Santa, no exato horário em que havia sentido aquela angustia, durante uma conversa sobre morte.

E não só foram intuições com mortes, mas também inuições com certas outras espécies de perdas. A perda de uma amizade. O desencantamento de um ídolo, nesses casos, nada foi de surprea. A minha inuição me dizia que, o fim daqueles relacionamentos, estavam próximos. E não falhou mesmo.

Agora, ser hipócrita em dizer que não esperava por alguma notícia fatal por esses dias, não serei. Mas não queria acreditar que realmente isso fosse acontecer. Pra mim, a angustia que senti semana passada não tem explicações. Sei que senti. E se tivesses contato pra alguém, e alguém viesse pra mim: "Reze...", aí que pioraria tudo.

Rezar não é pra mim. Só me angustia muito mais. Rezar nada mais é que uma maquiagem para encobrir a realidade dos fatos. A morte não é fantasia, é real, é verdade. A verdade dos fatos, é dura, dói, machuca de alguma forma.

Infelizmente, a família Paiva perde mais um familiar, em 2012. Em janeiro, tivemos outra perda: meu tio, Zezinho. Mas com ele, não tive esta angustia. Quem sentiu, foi minha mãe. Talvez, senti pela Solange, porque de alguma forma, me senti enolvido, de forma passiva, nesta sua luta.

Não fui aos enterros de quem já partiram, como do meu primo Adamastor; da minha vó paterna; do meu tio Antônio Carlos - pai do Adamastor; dos meus tios Luíz, Paivão, Silas e Zezinho... Aliás, não costumo ir nem em velórios, quanto mais à enterros.

A única vez que estive presente ativamente num velório e enterro, foi na morte do irmão da minha mãe, o Assis.

Minha mãe, ordenou que: nada de música, nada de nada, por conta do luto. Nem mesmo, fui ao colégio, igualmente com meu primo, que morava conosco. Mas o engraçado, por er tido mas contato com o Assis, o seu falecimento não mexeu comigo. Muito pelo contrário: Eu queria ter ido ao colégio. Não queria ter visto o que vi, pois não gostava da família dele, e não estava nem aí para o sentimentos deles. Fui em respeito aos outros membros da família. Mas por ter sido o Assis, só estava alí para marcar presença. Na época, achei um alívio. E me lembro que ainda soltei: "Ainda bem".

Segundo acha meu avô, pai do Assis, foi o próprio filho que matou o pai, com uma coronhada na cabeça. Na época, Assis tinha se acidentado na cabeça, e estava com um curatiivo. Uma semana depois, novamente outra notícia de que ele tinha sido internado em estado grave: o curativo tinha sido aberto.

A família do Assis, alega que foi uma queda, que o fez retonar ao hospital, desde quê, Assis bebia muito, e vivia bêbado. Meu avô acredita noutra versão dos fatos.

E pelo meu histórico, nunca gostava quando o Assis chegava com a família, na casa do meu avô. Sua filha Camila, era muito encrenqueira. Mas em outubro de 1998, aconteceu isso. Fui ao velório, mesmo que à contra gosto. Vi toda comoção da famíla. Estive na carreata até o cemitério, e só entrei, após o sepultamento do mesmo.

A morte é horrível. Dói muito. Eu ainda hei de atravessar esta etapa de grandes perdas importantes. Por isso que mesmo aos 30 anos, mantenho-me junto com meus pais, pois não sei até por quanto tempo, os terei perto de mim, mesmo com todas as brigas. Afinal, ao perdê-los, só serei eu e mais ninguém, neste mundo.

Já no caso da Solange, não sei se iria marcar presença no velório e sepultamento. Já nos bastam a perda irreversível, ainda ver o sofrimento daqueles que, após anos convivendo com aquela pessoa, tendo que se acostumar com o enorme vazio que passará a ser com todos. Em especial: Solange tem uma filha excepcional, que desde que nasceu, já vive numa espécie de maca. Agora Ivina é orfã, e isso é o que mais me comove nisso tudo.

Até então, Solange foi guerreira. Estava vindo tudo tão bem. Já tinha recebido uma medula nova que deu certo. Seus medicamentos já estavam sendo diminuídos, quando no domingo, sentiu fortes dores. Teve uma parada cardíaca e não resistiu.

As vezes, numa situação dessas, somos mal interpretados se fizermos algum comentário sobre o assunto, mas morrer, em algum momento de nossas vidas, nós chegaremos lá. É angustiante pensarmos, dá muito medo sim. Estava muito apreensivo, na semana passada, me imaginando morrer. Porém, quanto mais tempos estivermos vivos, lógico, muito melhor. Até se fosse uma morte de ccausas naturais, a gente aceitava melhor. Mas desta forma, com dor e sofrimento, não.

Viva a vida, pois ela é curta. Falem bem ou mal da gente, porém falem, pois daqui, ninguém se leva nada.

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