terça-feira, 7 de dezembro de 2010

RESPEITEM MEUS TAMBORES!

RESPEITEM MEUS TAMBORES!, postado no dia 01º de dezembro de 2010, no site "Axezeiro", por Alvinho Pinho.

    *Alvinho é cantor e compositor. É líder da banda Mr. João.

Quando tomei conhecimento das declarações de Ed Motta e Paula Lima a alguns meses atrás, sobre o “Axé Music”, fiquei pensando: Que imagem será que as pessoas tem da nossa música?
Acho que o ser-humano tem uma tendência quase que visceral de lembrar e ressaltar apenas as coisas ruins, apenas as coisas que chocam, os desastres, etc...

Me admira muito que alguns artistas (inclusive nordestinos como Fagner e Alceu Valença, que sofreram tanto preconceito no início), tão competentes e com tantos anos de estrada, tenham uma opinião tão tosca formada por alguns fragmentos de coisas que vêem na mídia. Poderíamos também classificar toda a música do Rio pelas batidas do Funk Carioca... não?

Na verdade resolvi levantar esse assunto, pelo amor que tenho pela história e pela arte da minha terra. Resolvi que falaria sobre isso em um texto meu, que pode até ser que ninguém dê importância, mas que vai estar lá, expressando a opinião de um reles mortal, cantor de AXÉ.

Sim, sou cantor de Axé, de música baiana, música de trio, do que quiserem me chamar, sou cantor! Foi em cima de um trio elétrico que aprendi a ter resistência pra cantar entre seis e oito horas seguidas, animando uma multidão de foliões que estão ali no bloco, para ter momentos de alegria. Assim como as pessoas que pagam o ingresso para ver o show deles.
Se a música baiana tomou uma mega proporção nos anos 90, e como todo movimento musical gigantesco, projetou coisas ruins... a culpa não é nossa!

Sim Paula Lima, talvez se você quisesse ganhar muito dinheiro, se tornasse cantora de Axé.... ou talvez não, né? Porquê você não teria saco pra cantar durante umas 4 horas e meia, em cima de um caminhão balançando e muitas vezes comprometendo até a sua integridade física. Você não teria saco pra um monte de gente, te dizendo o que você deve ou não cantar pra fazer a alegria do folião... não é mesmo?
Pois eu vou lhe contar que eu cantava em bar, achava que tinha aprendido tudo que um bom cantor precisava saber pra se apresentar. Vibrato, afinação, postura no palco, músicas difíceis de Chico, Caetano, Belchior, Tim, Gil entre muitos. Mas isso foi apenas o começo.
Toda a boa música que ouvi dentro de minha casa com minha família, também me deu base. Mas quando fiquei independente, foi a música Baiana, ou Axé Music, como vocês chamam, que pagou as minhas contas e me ensinou o traquejo de lidar com vários tipos de público.

Nem por isso deixei de lado o meu amor pela música... Pela arte! E hoje procuro fazer boa música sempre que posso. Inclusive em cima do Trio Elétrico.
Não podemos nivelar e generalizar nossas críticas pelos mais baixos parâmetros, penso eu!

O meu amor pela música é mais forte do que os rótulos que a mídia impõe!
O meu amor pela arte é maior do que o meu ego, pra eu achar que faço música melhor do que qualquer outro colega meu!
O meu amor pela música me faz despir de preconceitos e parar pra ouvir as bandas de pagode na Bahia tocarem, sabe por quê? Porque o balanço e o suingue dos caras é muito bom!

E já que alguns de vocês, tem como base dos seus trabalhos, a música negra; Dêem um pulinho na quadra do Ilê, por favor? Vão assistir Márcio Victor e o Psirico usando e abusando de ritmias como vocês, talvez nunca tenham visto!
Por Favor, vão assitir a Orquestra de Pagode Sambone, do meu amigo Hugo. Sem falar na Rumpilezz de Letieres Leite, que você tanto gostou e elogiou né Ed?

E digo mais! Vá ver a Banda Eva tocando no trio pra você ver que a música está ali! De mãos dadas com a multidão e “repetindo o côro em favor da alegria...”.

O que quero dizer com isso tudo é que, em nenhum lugar existe só música ruim e nem todo mundo faz música apenas pelo dinheiro, até porque se fosse assim, com certeza, eu já estaria muito rico hoje!

“Como diria Milton: “Quanto mais regional você é, mais universal você fica!”

“Música pro mundo girar!”

Saudações embaladas pelas batidas dos nossos tambores!


FONTE (link): SITE AXEZEIRO


Meu comentário: "Depois dessa, me calo, tio. Vou é dormir, rsrsrs"

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