quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Itapoan On Line, entrevista Netinho

Netinho * Cantor
Débora Melo, do ITAPOAN ON LINE

Ernesto de Souza Andrade Júnior é natural de Santo Antônio de Jesus, na Bahia. Nascido sob o signo da Lua, esse Canceriano agitado, perfeccionista e ansioso, não é de "meias palavras" e conta tudo sobre os seus 20 anos de carreira e passagens de sua vida pessoal. Em entrevista ao Itapoan Online, Netinho faz um resumo do seu trabalho, fala sobre o novo CD, "Minha Praia", e mostra que ainda vem muita coisa boa por aí...



“Minha Praia”
O CD sai pela Som Livre a um preço popular. São 15 faixas, sendo 11 gravadas em estúdio e quando acabam essas onze faixas, entra um mini-show, com quatro músicas ao vivo. Duas faixas desse disco já foram trabalhadas. Uma é "Na Capoeira", em homenagem ao carnaval de Salvador, e a outra é "Impossível", que trabalhamos logo depois do carnaval. A música de trabalho atual, que coincide com a chegada do CD nas lojas é "Caça e Caçador", uma versão em carnaval para uma música que Fábio Jr, gravou anos atrás, de autoria de Claudio Rabelo.

Produção do CD
Eu canto letras que eu gosto. Só tem uma música minha nesse trabalho e ela é totalmente autobiográfica, pois reflete como estou hoje. Quando o artista é sincero com seu público, jamais vai cantar uma letra com a qual não compactue. Nesse disco eu tive uma sorte imensa, pois todas as letras têm a ver com a minha pessoa de hoje, com o que eu vivo agora. A parte em estúdio foi gravada no ano passado e a parte ao vivo, esse ano. Ele foi muito bem cuidado e todo feito em Salvador, na minha terra. “Minha Praia”, se não é o melhor, é um dos melhores trabalhos que eu já fiz na minha vida!

Freio na Carreira
Na verdade, quando eu parei tudo, eu não divulguei para a imprensa ou para os meus fãs que eu ia dar uma parada. Porque eu estava em um processo de busca de mim mesmo, uma coisa bem pessoal. Fiquei fora do Brasil nove meses, não mandei uma nota para a imprensa, demiti a banda toda que trabalhava comigo, fechei o escritório, porque o meu objetivo era ficar um tempo fora dos palcos, fora de rádio, de tevê, de tudo e repensar a minha vida. Naquele momento o que importava pra mim era parar com tudo. Isso gerou muito boato naquela época, foi uma loucura!

O Re-Começo
A minha volta à música superou e muito as minhas expectativas. Em primeiro lugar pela receptividade que eu tive e tenho dos meus fãs, que compreenderam esse meu momento, que eu queria ficar sozinho. Na verdade, eu deixei muitos órfãos naquela época, porque eu sou um artista que fiz muito televisão, habituei o meu público a estar sempre na TV e de repente, desapareci por completo. Quando se é pessoa pública, temos certa responsabilidade com as pessoas que a gente cativa com o trabalho da gente. Eu deixei órfãos naquela época, e todos eles, agora, me receberam com todo o carinho do mundo na minha volta.

Relacionamento com os fãs / Blog
Eu criei esse espaço no dia do meu aniversário, 12 de julho, com o objetivo de me aproximar das pessoas. Comecei a falar do meu dia-a-dia, das viagens, dos shows... E a respeito da minha vida pessoal, eu falo quando eu realmente tenho vontade, não é proposital. Alguns jornais até já me convidaram para escrever, mas não é assim. Se eu tiver o compromisso de escrever um texto por semana, sobre determinado assunto, eu não vou escrever, pois o que eu escrevo é totalmente espontâneo. O que está no blog é o que eu sinto no momento.



O lado artista do artista

Sempre fui audacioso, perfeccionista, minucioso, características dos Cancerianos. Também tenho um lado produtor muito forte. Chego no palco, vejo logo o que está errado, falo mesmo, observo, “dou pitaco” em tudo: cenário, coreografia, iluminação e figurino. Sou filho dos Tropicalistas, como boa parte da minha geração. Gil, Caetano, Gal e Betânia trouxeram essa coisa da performance e dos cenários com a Tropicália, e eu absorvi muito isso dos shows que via na minha adolescência no TCA e acabei trazendo para a minha música.

A mídia
A mídia faz uma invasão na vida do artista e ele se deixa invadir também, porque se beneficia um pouco disso. O artista que se esconde hoje é bossal, é “não-sei-o-que”... Está cada dia mais complicado isso aí. O artista é muito exposto hoje, sua vida, sua casa, para onde ele vai, mas eu acho que toda pessoa pública tem que ter alguma magia dentro dele. Para mim funciona dessa forma. O segredo!

O tempo muda
Não se vende mais CD como antigamente. Não vou ser hipócrita a ponto de dizer que não quero o sucesso. Essa é a meta de todo artista: ele quer ser ouvido, ser visto, gostado pela maior quantidade de pessoas possível e luta por isso. É o anseio do artista! Mas não é hoje a preocupação básica da minha carreira. Eu me preocupo em fazer grandes espetáculos, grandes shows e grandes discos, como “Minha Praia”.

Além do Horizonte
Depois dessa volta, eu me sinto começando tudo de novo. Minha cabeça está cheia de coisas a realizar, planos. Eu ainda tenho muito a fazer na música, baiana e brasileira. Muita coisa mesmo! Eu não sou um artista que se limita apenas a cantar música baiana, eu gosto de MPB, Bossa Nova, Pop. Ih... Se eu fosse falar agora ia gerar outra entrevista (risos)!

Críticas
Eu já passei por cima disso há algum tempo. Antes qualquer coisinha que saía, uma nota qualquer, eu ficava estressado. Naquela época eu não tinha tempo nem para pensar na minha vida direito e chegava a fazer 29 shows por mês. Qualquer coisinha eu ficava triste. Hoje eu não fico mais. Quando você se propõe a ser uma pessoa pública, tem que dar o direito a qualquer pessoa de pensar ou falar qualquer coisa. Hoje não me incomodo mais com nada, deixo as pessoas falarem... Hoje eu me preocupo com o que as pessoas que me conhecem, pensam de mim! Hoje o artista é muito mitificado, as pessoas não têm acesso ao “ser humano”. Às vezes você vê o Netinho cantando num palco ou o Netinho nervoso, num lugar qualquer ou dando uma entrevista, e fala alguma coisa que você não gostou... Então é direito seu dizer: “Pô, não gostei daquilo que Netinho falou, achei ele chato, achei ele hipócrita, falso”. E vai ter aquela pessoa que vai falar: “Eu amo Netinho, adorei aquilo que ele falou, adoro as coisas que ele escreve, as músicas que ele canta”. Então nós estamos aí... É um xadrez pra mim, mas o artista tem que entender isso. Se o artista quer ter tranqüilidade ele fica em casa!



Coração

Olha, eu tenho um limite para mostrar as coisas e acho que todo mundo deve ter. Juliana, a pessoa com quem eu estou, não gosta de festa, não gosta de badalação, evento e não gosta de aparecer. Ela vai ao lugar que ela quiser e me dá toda a liberdade para eu ir, seja nos eventos de trabalho ou outros que eu tenha vontade, sozinho ou com quem eu quiser. Ela entende isso. A curiosidade é problema de quem está sentido curiosidade!

Mudanças
Eu mudo constantemente, eu sou um mutante! Eu deveria ser o protagonista da novela da Record de tanto que eu mudo (risos)! Mas a mudança mais importante foi essa parada que eu dei, foi um período crucial, a melhor coisa que eu fiz na minha vida inteira, porque eu me modifiquei totalmente. Sou outra pessoa, tenho uma compreensão totalmente diferente de tudo o que eu faço hoje. Agora, apesar da ansiedade, faço tudo com mais critério, tranqüilidade, com um tempo de observação maior, antes de tomar as decisões. Aprendi a viver nesse período! Para você ter uma idéia, só recentemente aprendi o que é fazer uma festa em casa para os amigos. Artisticamente, por exemplo, desde a Banda Beijo até hoje, foram vários cortes de cabelo, figurino, repertório. Estou sempre modificando tudo e me modificando!

Dinheiro
Eu sempre trabalhei muito, mas não gastava o meu dinheiro. Gastava com coisas que eu não precisava, uma forma de compensar aquela forma de viver. Na época eu não entendia isso, o tempo passava e logo eu tava estressado de novo. Mas tudo mudou. Eu atingi o equilíbrio, estou bem mais ponderado!

Caco de Telha
Quando eu pensei em retornar para o mercado eu tinha um sócio, o Misael Tavares, e a gente estava em um processo de desgaste, uma coisa de muitos anos, e eu disse pra ele que não queria mais continuar com a nossa empresa. Eu queria ser cuidado por uma produtora em Salvador, porque até aquele momento, quem tinha cuidado do lado mais empresarial da minha carreira era ele. E observando o mercado daqui, eu me senti mais à vontade na Caco de Telha. Lá tinha pessoas que eu conhecia e de que gostava muito. Conheço Jesus há muitos anos, desde a época de colégio, Ricardo (irmão dele e de Ivete), João Clemente... E lá fiquei dois anos.

Bem Bolado
A Bem Bolado Produções foi uma conquista. A Caco é muito grande e cuida de Ivete, que é um “produto” monstruoso, e eu queria minhas coisas muito rápido, o que estava gerando alguns embates lá dentro. Então eu resolvi abrir a minha empresa, que já tem quatro meses, e para lá levei a condução da minha carreira, toda a divulgação do meu trabalho e a parceria com a gravadora. A Caco de Telha continua vendendo os meus shows e cuidando da parceria que tenho com Ivete em alguns eventos Cerveja & Cia.


Ivete Sangalo

Há muito anos atrás eu tive um contato bem rápido com Ivete, logo quando ela começou a cantar na Banda Eva. Tanto que na maior turnê da minha carreira (a turnê do CD Mila, que vendeu dois milhões e meio de cópias) eu falava dela o tempo inteiro, fazia a maior propaganda e cantava “Alô Paixão” em todos os shows. Isso até gerou estresse na minha sociedade. Na época me perguntaram se eu sabia quanto custava a divulgação de outro artista, mas eu fazia porque gostava de Ivete, fiz por amor e carinho. Há três anos, quando tentei ir para a Caco de Telha, fui recebido muito bem, principalmente por Ivete. Isso é um reflexo do que eu tinha feito por ela no passado. Acho que a maior característica do ser humano, além do bom caráter, é saber reconhecer, quem na vida, ajudou a gente. É por aí: A lei do retorno!

Religião
Não tenho religião. Deus para mim é uma coisa muito particular, essa é a idéia que eu tenho. E eu acho que na vida é assim: o que você faz para as pessoas, o que você manda para o mundo, para o universo e para as pessoas, você recebe de volta. Se dá flores a alguém, você vai receber flores lá na frente.

Netinho Cara a Cara
Esse é um projeto especial, muito gostoso, para apenas mil pessoas, feito em casas pequenas, inferninhos, e a gente literalmente “bota fogo” no lugar. O palco é baixo, até 50 cm de altura. A gente fica na “boca da galera”, tem uma passarela, a banda ... O público fica do ladinho da gente, sobe no palco, canta comigo no microfone e isso gera uma coisa diferente para quem vai, algo inusitado. As pessoas não esperam estar tão próximas do artista: Dou beijo, pego na mão, abraço, é uma delícia! A gente vai se divertindo o show inteiro e vamos o rodar o Brasil inteiro com essa idéia.

Ensaios
Tenho muita vontade, mas ainda não consegui fazer do jeito que quero. Eu não quero fazer nada comum, quero fazer em um lugar diferente, com palco baixo e pessoas interagindo. Quero ir além do show, criar um ambiente diferente para as pessoas, incluisve o “Netinho Cara a Cara” é fruto dessa idéia. Mas vamos ver se sai esse ano, estou procurando um lugar especial.

Novo DVD
Como o CD atrasou, o DVD, que seria em julho, deve ser gravado em Outubro ou Novembro desse ano. O “Minha Praia” tem a intenção de servir de base de repertório para o DVD, já que tem muitas inéditas. Aí vamos juntar com as outras, que marcaram a minha carreira, mais outras autorais e muitas que não foram trabalhadas nas rádios e que também são minhas. A idéia é gravar em um lugar do litoral do brasileiro, talvez Porto Seguro, em um lugar bem alto astral, bem praia... Já temos algumas opções, mas estamos observando bem os locais para escolher o melhor.

Carnaval 2009
Por enquanto só posso falar do Bloco Trimix. Estarei sexta e sábado, no circuito Barra/Ondina, pelo quarto ano consecutivo. O resto do carnaval está em negociação e não posso fala nada agora!


Fonte: http://www.itapoanonline.com
ENTREVISTANDO.

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