segunda-feira, 21 de setembro de 2009

PARADA GAY x MICARETAS DE AXÉ

Lendo o jornal de hoje, sobre a repercussão que foi a 9ª Parada da Diversidade – ou Parada Gay – na cidade de Recife, observei que há uma injustiça no meio disso tudo.

Não, não é sobre o evento. Até um dia quero poder ver de perto uma manifestação do bem, como é a Parada Gay. Todos tem o direito de se expressar como achar bem melhor. Mas a minha observação não é nada diretamente contra a Parada Gay, e sim, ao local onde é realizado o evento.

Casos como a Av. Beira-Mar, em Fortaleza/CE e na Av. Boa Viagem, em Recife/PE, que eram "palcos" principais das micaretas de axé durante anos, deixaram de receber esse tipo de evento.

A reclamação partiam mais dos moradores das redondezas, que, além do barulho, ainda havia o risco de violência e uso de drogas quase que dentro das dependências de suas moradias. Além de ficarem presos, sem chances algumas de poderem sair de suas casas, durante as passagens dos trios.

No caso de Fortaleza, o Fortal permanece da mesma forma, com os desfiles dos trios elétricos, mas num outro local, mais afastado do centro da cidade. Apesar do local ser um pouco esquisito, é mais cômodo e não atrapalha ninguém quando era na Av. Beira-Mar. Mas nem por isso, deixou de ser o Fortal.

Já em Recifolia, se transformou em Recife Indoor. Os trios foram abolidos e no lugar, as apresentações são em palco, no pátio externo da casa de shows, Chevrolet Hall. Só que neste caso, já perde um pouco daquele clima.

E o que o Fortal e o Recifolia/Recife Indoor tem haver com a Parada Gay? MULTIDÃO.

A Parada Gay de Recife 2009 trouxe um público estimado de 100 mil pessoas, números esses até comparáveis quando na época em que as micaretas de axé eram realizadas nas ruas das capitais.

Lá em São Paulo, a Parada Gay é realizada sempre na Av. Paulista, mas já há rumores de que transfiram o evento para um local mais fechado. Não só a Parada Gay, como qualquer outro tipo de evento que tenha que desviar o trânsito daquela avenida. Uma das soluções estaria o sambódromo de São Paulo.

Bom, só sei que os mesmos também deveriam servir para outras capitais, até porque, se transferiram ou acabaram com as micaretas de axé, porque a Parada Gay, mesmo sendo realizada num único dia, "quebra" esta corrente?

Tá certo que no caso das micaretas, são usadas mais noites para a realização do evento, do que um único dia para a Parada Gay. Mas mesmo assim, são emitidos sons dos trios, das pessoas, dos fogos, como também a avenida tem o percurso do trânsito desviado. Apesar de que os índices de violências neste tipo de evento tem até diminuído em relação às micaretas, mas que ainda enfrentam preconceitos por parte dos homofóbicos.

Mas em ambos os casos, a violência, mesmo que a menor que seja, está presente e sempre parte das pessoas que sentem prazer em fazer confusão.

Porque lá em Fortaleza, não realizam a Parada Gay também lá na cidade Fortal? Porque aqui em Recife, não abrem um lugar especialmente para eventos que possam ser usados trio-elétricos, como fizeram lá em Fortaleza? Falta de investimentos ou desinteresse mesmo?

Um bom exemplo para um local indoor, mesmo que apertado e poder realizar um evento ao estilo do Recifolia, é o Joquei Club de Recife. Os trios circulariam na pista de cavalos numas duas voltas, e no centro, ainda poderia ter shows em palco. Não sei se ficaria viável, mas seria um exemplo.

Recife há àquela defesa de em épocas carnavalescas, o axé ficar proibido de ser tocado. Carnaval pra mim é um misto de axé, frevo e principalmente o samba. Poderiam muito bem mesclar tudo isso sem concorrências para se saber quem tem o melhor carnaval do país.

Salvador e Natal, com o seu Carnatal, ainda permanecem com suas micaretas intocáveis. Salvador, nem se fala na loucura que fica na época de carnaval. Carnatal, lá na capital do RN, ainda permanece com seu circuito original: 30% indoor e 60% rua.

Se a Parada Gay, é sempre realizada nos mesmos locais onde foram realizados as antigas micaretas de axé e tem ainda uma grande aglomeração de pessoas no mesmo espaço, igual ou até menor do que um carnaval fora de época, porque não retornam com essas micaretas ou porque não transferem a Parada para um local mais calmo e indoor, sem contar que na Parada Gay, o evento é gratuito.

Ou a lei vai ser igual para todos ou nunca este tipo de impasse irá acabar. Se um pode, os outros também estarão nos mesmos direitos.

Se a Parada Gay ou até uma Passeata Evangélica é realizada no mesmo local onde recebia as grandes e famosas micaretas de axé, porque os mesmos não retornam ou os outros também não são realizadas num circuito indoor. O que vale nisso tudo é o lazer, a diversão que esses eventos nos proporcionam.

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