quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Primos mataram o próprio pai, há 11 anos.

Há exatos 11 anos atrás, recebíamos um telefonema de parentes, sobre o falecimento de um tio meu. Depois disso, houve um movimento muito grande, entre as pessoas da minha família David.

Meu tio, Assis, irmão da minha mãe, tinha um defeito: gostava de beber, como seus outros irmãos e um monte de gente espalhada pelo mundo.

Naquele final de semana, que antecedeu o seu falecimento, a história que nos foi contada, foi que ele estava num bar bebendo e sob o efeito do álcool, caiu de cabeça na calçada, abrindo certos pontos que já havia sua cabeça, devido à outra queda por aqueles dias próximos.

Com isso, parece-me que teve uma hemorragia e entrou em coma. Ficou internado no IJF - hospital público, no centro de Fortaleza - vindo à falecer na tarde de 5ª-feira.

Assis, que trabalhava numa oficina de carros, deixava naquele dia 29 de outubro de 1998, sua esposa e mais 5 filhos, sendo que uma das suas duas filhas, na época, com 14 anos, estava grávida de 6 meses, quando tudo aconteceu.

Moravam todos, na perifería de Fortaleza, num dos bairros mais violentos, o bairro Bom Jardim, próximo ao terminal do Siqueira, numa vila bem humilde, de 1 cômodo somente.

Na verdade, nunca fui com a família dele, e ele era um tio mais distante, pra mim, em relação aos outros tios meus. Mas eu não ia mesmo, era com sua filha Camila. Pense numa menina encrenqueira, desde pivete. E era esta menina, de 14 anos como citei, que estava grávida na época da morte do seu pai.


*RESUMO:

A última vez que tinha visto aquele povo, foi no dia 12 de outubro de 1994, quando minha mãe fez uma festa para crianças, numa escola, em frente à casa do meu avô. Me lembro muito bem da grosseira que esta Camila - que por sinal, é minha prima, mas não a considero mais como tal - fez comigo.

Meu pai, sempre quando íamos à casa do meu avô, deixava a sua rede armada, pois ele gostava muito de ficar deitado. Não sei porque que a mãe da Camila, inventou de por a sua filha mais nova, a caçula, recém-nascida, logo na rede do meu pai. Como a casa do meu avô, na época, era uma casa de sapê e mal iluminada, e cansado também da festinha, fui até a rede, ficar deitado um pouco. Só que não sabía que tinham colocado a bebê dentro da rede do meu pai, e sentei sobre a criança, por acidente. Ao perceber que havia algo de estranho, saí logo e pedi desculpas.

Camila veio numa arrogância pra cima de mim, aos berros. Depois disso, eles foram embora para casa deles e nunca mais os vi, até o dia que o pai dela morreu.

Sabe, eu não vou mentir que vibrei com a notícia da morte do pai dela, afinal, aquilo tinha me vingado de todas as vezes que ela me levantou a voz.

No dia seguinte à morte do irmão da minha mãe, ela me pediu para nao ir ao colégio, por luto. Mas sabe, pra mim, não mudaria em nada, e deveria ter ido sim, ao colégio, pois a situação, não havia me comovido de forma nenhuma. Não chorei, não fiquei triste com aquela situação. Mas não foi por maldade no coração. Tinha os meus motivos para não ficar em luto. Mas em respeito a situação, tive que faltar aula para poder está no velório.

Me lembro que eu estava ouvindo a música "Este Seu Olhar", pelo CD de Netinho, de 1995, quando recebemos a ligação da Camila, dizendo que o pai dela estava coberto de uma forma diferente dos outros pacientes, no leito do hospital.

O velório e o enterro foram na 6ª-feira, 29.10.1998. O cortejo saiu as 17h. Me lembro que foi uma cena forte. Fizemos uma espécie de corrente, quando perceberam que iriam fechar o caixão, mas antes disso, vimos Camila beijando a cabeça do seu pai, dizendo que o amava. Momento que ela que teve de ser amparada, pois ela entrou em desespero por esta vendo o rosto do seu pai pela última vez.

O cortejo saiu da igreja e passou pela nova casa do meu avô - já uma de alvernaria - e depois, seguiu para o mesmo cemitário onde está enterrada minha vó, mãe da minha mãe.

Como estava bem próximo dos dias dos finados, todos se reencontraram no dia, para visitação aos túmulos. Eu me lembro que neste dia, consegui entrar no cemitério, pois eu nem tinha saído do ônibus, no dia do enterro. Dois dias depois, um novo encontro para a missa de 7º dia.

Após passado a missa de 7º dia, na minha cabeça dizia que, a partir daquele dia, seria a última vez que eu iria ver Camila e sua família.

Meu avô, desde o princípio, nunca acreditou na versão contada à ele, pois ele achava que o corte que o Assis levou na cabeça, ocasionando a sua morte, não foi queda: foi uma paulada ou pedrada dada pelo seu próprio filho, e acobertado pelo resto da família.

E que ninguém tirasse isso da cabeça, mas ninguém dava créditos à ele, apesar das evidências e dos históricos de confusões que sabíamos sobre como era a família do Assis: esposa e filhos.

No dia 11 de novembro de 1998, ao chegar em casa, vindo do colégio, me deparo com a Camila engomando no quarto onde dormia meu outro primo que morava com a gente.

Chamei a minha mãe e perguntei o que ela estava fazendo lá em casa. Minha mãe, comovida pelo acontecido, decidiu "adotar" Camila, até por causa do seu estado delicado. E ficou nisso, tentado ser ao máximo, humilde com a garota, mesmo nunca aprovando a sua presença no mesmo teto que eu. Pelo menos, ela ficou lá em casa, exatamente, 1 ano.



Enquanto lhe dei esta trégua, me aproximei mais dela. Comecei a fazer um curso de atores naquele mesmo mês, e ela nos acompanhava. No último dia do curso, uma confraternização realizada num restaurante, no dia 10 de dezembro de 1998, na Praia de Iracema, com a participação do Programa Must* - na época, era exibida numa emissora local, filiada de uma grande emissora aberta em rede nacional, à meia-noite - contando com a presneça dos atores André Marques e Bruno Gradim, que faziam "Malhação", naquela época. E com isso, Camila tirou foto com os dois, no dia anterior ao seu aniversário.

Aliás, durante o tempo que morou com a gente, teve tudo que nunca teve que seus pais poderiam te dar: um quarto com banheiro, um enxoval para sua filha, mordomias que a deixou como se estivesse por cima.

*Sobre o programa Must, que atualmente é exibido pela TV Diário, Canal 22, em Fortaleza, não me lembro se era exibido na TV Cidade (já com a Rede Record naquele ano) ou na TV Jangadeiro (ainda com a BAND, em dezembro de 1998).



Camila deu a luz à sua filha, no dia 12 de janeiro de 1999, 6 dias depois que outra prima nossa, a Adriana, que também estava grávida, com 15 anos, ter tido o seu filho, o Bruno, em minha homenagem.

No decorrer durante o ano de 1999, aconteceram muitas coisas, na minha casa. Minha mãe abriu um restaurante, e meu pai, voltava a trabalhar numa fábrica de fiação, em Pacatuba.

Pela manhã, eu ia para o colégio e Camila ficava à sós com meu primo. Já pela tarde, ele ia para o sua escola e eu ficava em casa.

Como minha mãe, após ter aberto o comércio, sempre com meu pai, ia pra rua, fazer as compras do restaurante para o dia, de madrugada. Saiam de casa, lá pelas 2h da manhã, pois havia uma loja, num shopping da AV. Bezerra de Menezes, que era 24h.

Eles dois nos deixavam dormindo e se arriscavam de madrugada. Minha mãe, sempre se importando com Camila, por conta da filha dela. Depois de tudo deixado lá no comércio, meu pai voltava pra casa, pra me pegar e me deixar no colégio, que era do outro lado da cidade.

Mas com o tempo, muitas coisas de estranha foram surgindo em minha casa. De repente, Camila e o meu primo, sempre apresentavam certas rugas entre sí. Cansei de ouvir berros entre eles, enquanto eu, estava trancado em meu quarto e meus pais, se lascando de trabalhar.

Muitas das vezes, minha mãe chegava em casa, tomava banho e ia dormir, e mal falava comigo, enquanto Camila e Dacles acusava un ao outro... E vez por outra, sobrava os enredos deles pra mim. Tanto, que precisamos trancar as pportas do nossos quartos para que não tivesse chafurdos dos dois.

Aliás, Camila ficava mais tempo em casa, cuidando de sua filha. Acabava que ficava com as chaves do quarto da minha mâe, mas não deixava a do meu quarto, com ninguém. Mal sabía minha mãe do erro que estava cometendo.

Eu ia pro colégio, até cansado, e não sabía nem os motivos até do meu baixo rendimento escolar.

Outros acontecimentos estranhos, ocorreram também em minha casa: começaram a sumir coisas.

Camila, já sabendo do que poderia acontecer, ela foi fazendo uma "limpa", lá em casa. Pegou relógio caro do meu pai, ursos que minha mâe colecionava e até a carteira com dinheiro e documentos do meu primo, nas nossas costas.

Meu primo, até achou que poderia ter perdido a sua carteira, numa praça lá em Maranguape, porque um caso assim, já aconteceu com ele. E neste caso, ele achava que poderia ter sido pela 2ª vez.

Mas Dacles - apesar dele até ser meio lezado, na época - insistia que ele tinha deixado sua carteira no criado mudo, mas que havia sumido. Este episódio, foi no dia 11 de novembro de 1999, exatos 1 ano que Camila apareceu em minha casa.

Neste dia, eu tinha uma espécie de feira no colégio, e tive que ficar o dia inteiro. Meu primo, foi para sua escola e ao chegar, não viu mais a sua carteira. E depois disso, Camila pegou suas coisas, suas filha e nunca mais voltou, sem nos dar notícia.

Resultado: se não aparecesse, a mãe do meu primo iria chamar a polícia. Num instante a carteira dele, apareceu na bolsa da filha da Camila, que por sinal, estava grávida de novo.



Depois deste ocorrido, joguei na cara da minha mãe, que o maior erro da vida dela, aconteceu quando abrigou e ajudou aquela garota. E com o tempo, ela mostrou a sua verdadeira personalidade de ladra. Este foi o agradecimento que minha mãe recebeu.

Depois disso, todo mundo ficou sabendo, e passaram a acreditar no que o meu avô sempre disse: "Que o filho do Assis, um tal de "Nenem", foi quem matou o próprio pai, com pauladas". Não há provas, mas os indícios e algumas outras testemunhas, com o tempo, a verdade foi surgindo.

Certo tempo depois, Camila começou a ligar para o telefone do restaurante e teve uma ousadia de ir até lá, oferecer a sua filha, para que minha mãe cuidasse. Minha mãe só pediu para ela se retirar do lugar, se não quisesse que a polícia a retirasse à força.



Anos foram passando, e o meu tio, que é taxisista, vez por outra, a encontrava pelas ruas de Fortaleza, fazendo programa. Não sei como estão nos dias de hoje. mas meu tio nos contou que ela já chegou a ter mais de 4 filhos, uma escadinha. Soube que a irmã de Camila, a gêmea com o Rafael, ficou grávida também. Seu irmão, que ia lá em casa, pedir uma ajuda ao meu pai para deixar uns biscoitos na casa dele, pra vender no sinal, parece que chegou a ser preso, nessas delegacias de bairro. Já a mãe de Camila, Teresa, levou um banho de água quente, por acidente, ficou mais de 6 meses internada.

Mas nem por isso, ninguém da família teve pena deles. Mas para nós, que fomos roubados como uma forma de agradecimento pelo teto que demos à esta Camila, todos eles estão desconsiderados parentes.

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